Caminho

A Escola Pegada de Rua surge da inquietação de artistas com trajetórias diferentes, que se encontraram dentro de uma grande escola: o samba! Neste caminho de muitos ensinamentos, fica claro que o samba é, além de tudo, uma escola de mistérios, que se revelam apenas na vivência comunitária e extrapolam o estudo formal.

O sambista aprende por meio do encontro, do corpo, do acolhimento, do pertencimento. O conteúdo é meio e não fim. Esse é o caminho escolhido por nós: ensinar música em um âmbito que permita aos nossos sentidos experimentar a liberdade insistente dos nossos batuques. Mostrar que nossos “corpos” conhecem “mistérios profundos” do som, amparados na diversidade de cosmovisões que construíram nosso povo.

Se o projeto de Brasil Colônia enquadra o samba como uma “simples” diversão despretensiosa, a Escola Pegada de Rua vivencia seus métodos pedagógicos e filosóficos, alimentando-se de uma sabedoria que não se “curva” às pretensões do feitor.

Gabriel Goulart

Violonista versátil, Gabriel Goulart começou sua trajetória tocando heavy metal . Mas foi ainda na juventude que se apaixonou pelas linguagens afro diaspóricas, e se tornou "cria" do samba belorizontino, tendo muitos mestres nessa caminhada que já passa de duas décadas. Possivelmente, a mesma força ancestral que conduziu Gabriel ao samba, o levou a ser embaixador da Folia de Reis do distrito de Milho Verde(Serro-MG), onde atua desde 2004 com empenho e devoção. Pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), formou-se no no curso de Licenciatura em Música com habilitação em violão, tendo contato pela primeira vez com o "violão clássico". É nessa encruzilhada entre o saber “canônico” e a linguagem das ruas, que se desenvolve sua identidade musical e cultural.

Este cruzamento de saberes levou Gabriel a desenvolver trabalhos importantes como diretor musical e arranjador, culminando com a indicação ao Prêmio Da Música Brasileira de 2013, na categoria melhor álbum de samba, com o disco "Semba"(2011), do grupo Capim Seco. Assinou também o primeiro disco da cantora Marina Gomes, intitulado "O Samba é Meu Guia"(2015), e arranjou grande parte do álbum Afrobrasileiro do sambista Rafael Soares(2023), além de dirigir e arranjar diversas apresentações em grandes palcos, teatros, e rodas de samba. Além de já ter acompanhado grande parte dos sambistas de BH, Gabriel também atuou o lado de artistas com renome nacional e internacional, como Elza Soares, Toninho Geraes, Noca da Portela, Tantinho da Mangueira, dentre outros. 2018 marcou sua primeira viagem internacional, apresentando-se ao lado de Bruno Cupertino nas cidades de Berlim e Hamburgo, na Alemanha. Em 2019 acompanhou o grupo Sarandeiros em turnê por Portugal. No carnaval de 2024, ficou responsável pela direção musical do Carnaval do Sambista, do bar Saruê em BH, onde mais de 40 sambistas participaram da programação. Idealizador da Escola Pegada de Rua, é coordenador pedagógico e professor de violão de 6 e 7 cordas.

Elisanea Lima

Elisanea Lima, mulher preta, dançarina, percussionista e professora, deu seus primeiros passos em direção aos palcos aos 4 anos de idade. Primeiro no balé clássico, onde logo percebeu que seu corpo necessitava de mais liberdade do que ofereciam os passos europeus. Passou pelo jazz, dança do ventre, dança de rua mas foi nas danças afro-brasileiras onde se encontrou. Formou-se, no ano de 2009, em Educação Física na UFMG e teve uma trajetória acadêmica voltada para a pesquisa na área da história e cultura africana e afro-brasilera e nas Ações Afirmativas.

Desde criança, apaixonada pela festa da carne, pedia para a mãe fazer fantasias e já brincava de pular carnaval. Adulta, desfilou com GRES Cidade Jardim (2010, 2011) e GRES Acadêmicos de Venda Nova (2012, 2013, 2014) tocando na bateria. Fez parte também da Bateria Imperador - BH, Bateria Imperatriz (exclusivamente formada por mulheres, tocando com Fabiana Cozza), U'Bloco (todas sediadas no Núcleo de Estudo da Cultura Popular - NECUP), do Bloco Afro Angola Janga e do Afoxé Bandarerê, participando de diversos eventos e em desfiles no carnaval de Belo Horizonte. Foi sambadeira/percusionista do Samba da Meia Noite, grupo responsável por levar o samba de roda para rua na cidade de BH.

Atualmente, atua como cordenadora pedagógica no Programa Mais Diretos Humanos (Estação Juventude, Núcleo LGBT, Casa dos Direitos Humanos), da Cidade de Contagem, além de fazer parte do Grupo Sarandeiros como bailarina e professora, e ser percussionista do maracatu Baque de Mina, e da banda banda Paiol de Tonha, que traz a latinidade para a pista.

Cursa percussão na Universidade Popular de Música Bituca, desde outubro de 2023, e é professora de dança na Escola Pegada de Rua.

Ébano Brandão

Percussionista e educador, Ébano teve contato com a música muito cedo, através de seu pai, que tocava violão e percussão. Aos 6 anos já estudava música, e foi assim que teve o primeiro contato com a bateria e outros instrumentos. Ainda na infância aprendeu os primeiros acordes no violão e a partir daí passou a acompanhar a família nas pequenas serestas que faziam em datas festivas. Estudou também guitarra, mas foi nos terreiros de Umbanda e Candomblé que se apaixonou pelos tambores, tornando-se ogâ.

Frequentador das melhores rodas de samba de Belo Horizonte, conheceu em 2015 o NECUP- Núcleo de Estudos de Cultura Popular, que foi um grande centro cultural referência em música afro-brasileira, latina e mundial. Por lá, tendo como mestre o percussionista Rafael Leite, participou de diversos grupos que fizeram e fazem história na cidade, como Afoxé Bandarere, Bateria Imperador, Banda Ubloco, e Banda Mãos a Obra. Nessa trajetória teve também a oportunidade de aprender e acompanhar mestres dos tambores, como Mestre Amaral (Maranhão), Mestre Cacau do Amaral (Maranhão), Mestre Santiago Reyther (Cuba), Mestre Moa (Salvador). Atualmente, é percussionista do grupo de Danças Folclóricas Sarandeiros (BH-MG), com quem participa de festivais nacionais e internacionais. É também percussionista e baterista em BH, acompanhando vários artistas e bandas, como Paiol de Tonha, Cinara Gomes, Aninha Felipe, e é presença constante em diversas rodas de samba com protagonismo na cena local. Ébano agora compartilha também seus conhecimentos como professor de percussão na Escola Pegada de Rua.

Renato Muringa

Renato Muringa é músico, pesquisador, compositor e intérprete da música popular brasileira. Natural de Senador Mourão, distrito de Diamantina, foi ainda na infância que se encantou pela música, vendo o pai e a tia tocar em rodas e serestas da região. Já atuando como violonista na adolescência, começou a dedicar-se ao cavaquinho por volta de 2008, quando ingressou no grupo Projeto Saravá, aprofundando também seus conhecimentos no samba e nas musicalidades afro-diaspóricas. Sua trajetória é marcada pela versatilidade em trabalhos de variadas vertentes atuando como cantor e instrumentista de violão, bandolim, cavaquinho e guitarra baiana.

Renato é idealizador, arranjador e músico do Bloco da Esquina, destaque no carnaval de Belo Horizonte, com o qual se apresentou ao lado de Lô Borges, Toninho Horta, Beto Lopes e Telo Borges, além de diversos concertos na cidade.

Em 2015 lançou, em parceria com a flautista Marcela Nunes, o disco autoral Em Casa, selecionado para edições do projeto Cena Música e BH Instrumental. Com esse disco se apresentou em diversas cidades brasileiras.

Como bandolinista e cavaquinista integra o grupo Choro Nosso, com pesquisa e difusão do choro produzido em Minas Gerais, com o qual recebeu o Prêmio Funarte de Concertos Didáticos em 2013, e participou de diversos concertos de música instrumental, dividindo palco com artistas como Toninho Carrasqueira.

Já participou de diversas gravações de CDs, DVDs e Lives, e está em fase de gravação de dois discos autorais: Quando Eu Partir, trabalho voltado para o samba e Na ginga do Muringa, que faz um passeio pela música brasileira através da guitarra baiana.

Em 2023, circulou com o projeto Minhas Mãos, Meu Cavaquinho, com recursos oriundos da Secretaria de Cultura do Estado De Minas Gerais, ministrando aulas do instrumento e difundindo suas práticas culturais.Atualmente é professor de cavaquinho na Escola Pegada de Rua.

Rafael Oliveira

Natural de Diamantina, Rafael Oliveira, carrega consigo a influência das manifestações culturais mineiras e afro-diaspóricas. Começou a tocar ainda jovem, e aos 10 anos já entrou para Grupo de Percussão Iukerê. Desde 2015 coordena o Grupo de Percussão Estrela da Serra, e como artista popular, é versado na linguagem das ruas e bares, sempre fazendo música junto ao povo que lhe ampara. Atua também ao lado de grupos de renome na cidade de Diamantina, como Ateliê do Choro e Acayaca Bossa Jazz, além de manter sua raiz de “tamborzeiro” com o grupo Samba Chula de São João da Chapada. Em Belo Horizonte, se apresenta regularmente em rodas de samba acompanhando diversos artistas locais. Trabalha também com a construção de instrumentos de percussão, e está sempre ministrando oficinas de música e empoderamento em distritos quilombolas da sua região. Agora Rafael compartilha sua experiência e malandragem como professor de Percussão na Escola Pegada de Rua, e contribui com a sua cidade natal na formação de novos artistas e na consolidação de uma cena de samba fundamentada.

Giselle Couto

Natural de Mariana-MG, Giselle Couto é cantora, compositora, educadora e diretora musical formada em música pela Universidade federal de Ouro Preto com especialização em canto. Atua na educação musical e técnica vocal a mais de 15 anos. Revelou-se em 2002 e é cantora cativa nos palcos e redutos do samba e do choro das gerais. Interprete, dona de uma bela e inconfundível voz, Giselle já se apresentou em palcos consagrados, e ao lado de artistas de renome naconal, como Roberta Sá, Marcelle Motta, Mariana Íris, dentre outros.

Em 2016 lançou seu primeiro EP, com a direção e arranjos de Lucas Telles, onde interpretou composições próprias e de grandes nomes da cena mineira, além de um samba especial de Pedro Amorim, grande bandolinista e compositor carioca.Em 2019 lançou seu segundo disco, o album Natureza, com direção musical e arranjos de Thiago Delegado e participação especial e arranjos de Sergio Pererê. No repertório grandes nomes do samba mineiro e brasileiro, como Toninho Geraes, Moyses Marques, além de compositoras mineiras da nova geração como Marina Sena e Clara Delgado.

Além dos dois discos lançados, Giselle também atua como preparadora vocal, tendo feito a orientação e direção para discos de artistas como Dudu Nicácio, Grupo Tradição, Samba da meia-noite, João Batera entre outros.

Atuando na educação a mais de uma década, Giselle Couto agora compartilha seus conhecimentos como professora de canto da Escola Pegada de Rua.

Fabrício Cássio

Fabrício Cássio é cavaquinista com grande destreza técnica e muita malandragem. Seu interesse pelo instrumento se manifestou logo na infância, vendo seu vizinho, conhecido como Pitita, passar na frente do prédio onde morava com um imponente estojo, indo tocar nos palcos da cidade. Um dia, despretensiosamente, Fabrício perguntou a Pitita se poderia ensiná-lo a tocar e foi prontamente atendido. Assim, iniciou seus estudos em uma garagem, com um velho cavaquinho e um caderno, tendo como foco o choro e a seresta.

Porém a vivência musical nas ruas de Belo Horizonte e Contagem começou quando foi convidado pra tocar num grupo de samba e pagode do bairro. Estudioso e malandro, desde então Fabrício vem aprimorando seus conhecimentos com vários mestres, estudando harmonia e técnica do instrumento. Hoje é figura cativa nas melhores rodas de samba da cidade, passando por grupos de renome na cena local, como Camafeu e Simplicidade. Atualmente é cavaquinista de um dos grupos mais produtivos e marcantes do samba mineiro: o grupo Nossa Roda, além de acompanhar diversos(as) sambistas em seus trabalhos.

Atuando há alguns anos como professor particular, Fabrício agora compartilha seus conhecimentos como professor de cavaquinho da Escola Pegada de Rua.

Dedé Negrão

Dedé Negrão é músico violonista, cavaquinista, professor, compositor e arranjador, natural de Belo Horizonte. Iniciou seus estudos musicais ainda criança, apoiado pela mãe e por familiares.

Desde então vem aprimorando seus conhecimentos, tendo estudado violão clássico com Alexandre Piló, improviso e iniciação ao jazz com Fabinho Gonçalves, e se formando na Universidade Popular de Música Bituca em 2015, além de participar de diversos master-classes para aperfeiçoamento do trabalho.

Acompanha hoje diversos sambistas da cidade, e tocou de 2008 à 2017 no grupo de pagode Tykerê, com quem teve a chance de dividir o palco com artistas renomados como Exalta Samba, Alexandre Pires, Belo, Péricles, Os Travessos e outros tantos. Com vasta experiência em estúdios de gravação, Dedé atua há décadas como instrumentista, arranjador, e diretor musical, participando de diversos trabalhos na cidade.

Professor dedicado, dá aulas pra todas as idades e foi proprietário da Escola de Música Ponto de Aumento, no bairro Fernão Dias, em Belo Horizonte, de 2016 a 2022. À frente da escola produzia frequentemente eventos na comunidade, difundindo a música no bairro e contribuindo com a formação cultural da cidade.

Dedé Negrão atualmente é professor de violão de 6 e 7 cordas da Escola Pegada de Rua.